segunda-feira, 14 de setembro de 2020

 

Memórias

Acho mesmo que terá de haver uma justificação para a forte ligação que temos com certas pessoas e lugares. Também haverá uma justificação para quando simplesmente não conseguimos simpatizar com alguém ou sítio... mas isso serão contas de outro rosário.

Já dei por mim, imensas vezes, bloqueada entre o real e o místico da minha mente, a tentar descortinar porque raio as minhas "entranhas" emotivas entram numa espécie de convulsões pirotécnicas, como se fossem hormonas de grávida, quando ponho olhos naquele pequeno spot do Alentejo.

Em 2009, escrevia assim:

 

“Pequenos pontos pelo Alentejo

Não é que eu queira transformar este espaço em qualquer espécie de roteiro turístico, nem que queira fazer deste tipo de assuntos uma escapatória de outros temas, mas, de facto, ultimamente têm surgido observações neste âmbito... Assim, foco aqui alguns pontos que considerei incontornáveis numa "viagem" pelo Alentejo. Os meus amigos que o tomem como "conselhos"... Toda a Costa Alentejana tem o seu "quê" de especial e magnífico. Sente-se como que um mundo à parte, sempre contextualizado no nosso pequeno mundinho, ou seja, não se evocam aqui Caraíbas, Jamaica’s, Cuba’s e outros destinos paradisíacos, claro. Mas esplêndido à sua maneira, simples (acho) e sem grandes quantidades de "brilhantina", chamemos-lhe assim... E, como todos os países, todos os locais e todos centros turísticos, tem os seus ponto fortes, de sublinhar e enaltecer, e os seus pontos... menos fortes. Sem grandes floreados, aqui vai: - Odeceixe. Praia bonita na sua junção de mar, areia, rio, foz e montanhas. Fantástica! Enquadram-se dois ou três bares de praia (no verdadeiro sentido da questão: de madeira, abertos, esplanadas toscas e sumos coloridos!)”

 

Hoje, em 2020, apetece-me retificar: “não se evocam aqui Caraíbas, Jamaica’s, Cuba’s e outros destinos paradisíacos, claro.” Claro que se evoca! Faz-lhe frente e é bem capaz de ganhar! O herói deste concurso depende muito do que cada um de nós pretende de um lugar. Muitas vezes, basta fechar os olhos, inspirar e… sentir.

Fotografia: créditos Sara Fraga