Ali, onde o mar salgado se deixa beijar pela água doce, e em movimentos de
vice-versa se vão gentilmente tocando... Onde para oeste os olhos se perdem na
imensidão de azul translucido... Onde o Homem pode, por fim, respirar e sem
precisar de fechar os olhos, completar-se com a natureza e sentir-se numa outra
dimensão.
O meu
primeiro post tinha mesmo de ser sobre Odeceixe!!! Odeceixe é uma pequena aldeia
meio perdida exatamente na linha que separa território alentejano e algarvio.
Por norma, estas divisões são feitas com recurso a marcos geográficos naturais,
e aqui não foi diferente. O rio ou ribeira Seixe assume o seu papel na
perfeição, rompendo o vale e correndo abraçar o seu destino final. De um lado
Alentejo, concelho de Odemira, do outro Algarve, concelho de Aljezur.
Esta
localidade, dotada dos mínimos essenciais (mini-mercados, alojamentos, vários
restaurantes, mercado e parque de campismo) é pequena, pacata e peculiar. A sua
praia é poderosa! Descrevê-la não é, para mim, tarefa fácil, apesar de a
conhecer já tão bem. Creio que há situações, lugares e pessoas que só a alma
tem linguagem capaz para ser justa... e eu ainda não aprendi a traduzi-la. Mas,
factualmente, é uma praia com uma generosa porção de areia, que banha duas
praias: uma com mar e outra fluvial. Este areal branco e fino é circundado pelo
rio, como uma cobra que rodeia a sua presa, e que depois de desvanece
subtilmente no mar. Quando o mar vaza, a costa pode ser percorrida a pé,
passando para lá das rochas que entram pelo mar, no lado sul. Essas rochas
escondem tesouros! A praia que fica reservada atrás é uma praia para naturistas,
e é dos pedaços de praia mais bonitos que existe: grutas, piscinas naturais que
o mar escava na areia, silêncio e paz. Do lado norte, atravessando o pequeno
curso do rio, a aventura estende-se pelo meio de rochas um pouco escarpadas,
mas que puxam pela curiosidade.
No cimo da
colina, esta praia conta com um pequeno aglomerado de casas, sendo a sua grande
maioria para turismo rural. Há também restaurantes e cafés, bem como uma
pequena loja de souvenirs. Casa de banho pública, escola de surf e zona de
guarda-sóis e espreguiçadeiras para alugar, são valências que se poderá lá
encontrar.
É importante
acrescentar que as pernas tremem na descida para a praia e doem na subida de
volta. A ravina é razoavelmente acentuada e ir muito carregada de tralha não é
muito aconselhado. Mas faz-se bem, porque o acesso é totalmente pavimentado
quer na entrada mais junto ao mar, quer na anterior, mais perto do rio.
É uma praia
vigiada, foi classificada em 2019 como uma das 7 Maravilhas de Portugal e a sua altivez e beleza é grito da imprensa nacional, internacional e turistas.
Por mim? Quem me dera que fosse secreta...
fotografias: créditos Sara Fraga
Por mim? Quem me dera que fosse secreta...
fotografias: créditos Sara Fraga
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