quinta-feira, 9 de julho de 2020

Alma e landscape em fusão!

 
Ali, onde o mar salgado se deixa beijar pela água doce, e em movimentos de vice-versa se vão gentilmente tocando... Onde para oeste os olhos se perdem na imensidão de azul translucido... Onde o Homem pode, por fim, respirar e sem precisar de fechar os olhos, completar-se com a natureza e sentir-se numa outra dimensão.
O meu primeiro post tinha mesmo de ser sobre Odeceixe!!! Odeceixe é uma pequena aldeia meio perdida exatamente na linha que separa território alentejano e algarvio. Por norma, estas divisões são feitas com recurso a marcos geográficos naturais, e aqui não foi diferente. O rio ou ribeira Seixe assume o seu papel na perfeição, rompendo o vale e correndo abraçar o seu destino final. De um lado Alentejo, concelho de Odemira, do outro Algarve, concelho de Aljezur.
Esta localidade, dotada dos mínimos essenciais (mini-mercados, alojamentos, vários restaurantes, mercado e parque de campismo) é pequena, pacata e peculiar. A sua praia é poderosa! Descrevê-la não é, para mim, tarefa fácil, apesar de a conhecer já tão bem. Creio que há situações, lugares e pessoas que só a alma tem linguagem capaz para ser justa... e eu ainda não aprendi a traduzi-la. Mas, factualmente, é uma praia com uma generosa porção de areia, que banha duas praias: uma com mar e outra fluvial. Este areal branco e fino é circundado pelo rio, como uma cobra que rodeia a sua presa, e que depois de desvanece subtilmente no mar. Quando o mar vaza, a costa pode ser percorrida a pé, passando para lá das rochas que entram pelo mar, no lado sul. Essas rochas escondem tesouros! A praia que fica reservada atrás é uma praia para naturistas, e é dos pedaços de praia mais bonitos que existe: grutas, piscinas naturais que o mar escava na areia, silêncio e paz. Do lado norte, atravessando o pequeno curso do rio, a aventura estende-se pelo meio de rochas um pouco escarpadas, mas que puxam pela curiosidade.
No cimo da colina, esta praia conta com um pequeno aglomerado de casas, sendo a sua grande maioria para turismo rural. Há também restaurantes e cafés, bem como uma pequena loja de souvenirs. Casa de banho pública, escola de surf e zona de guarda-sóis e espreguiçadeiras para alugar, são valências que se poderá lá encontrar.
É importante acrescentar que as pernas tremem na descida para a praia e doem na subida de volta. A ravina é razoavelmente acentuada e ir muito carregada de tralha não é muito aconselhado. Mas faz-se bem, porque o acesso é totalmente pavimentado quer na entrada mais junto ao mar, quer na anterior, mais perto do rio.
É uma praia vigiada, foi classificada em 2019 como uma das 7 Maravilhas de Portugal e a sua altivez e beleza é grito da imprensa nacional, internacional e turistas.
Por mim? Quem me dera que fosse secreta...

fotografias: créditos Sara Fraga

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